‘Não investigar ditadura no Brasil faz tortura e morte seguir até hoje’, diz promotor de ‘Argentina, 1985’

Promotor retratado no filme sobre julgamento de ditadores argentinos explica como processo ajudou seu país a entender crimes de militares, e como impunidade no passado do Brasil se reflete na violência atual.

Por Rodrigo Ortega, g1
27/02/2023 04h00

Luis Moreno Ocampo no Julgamento das Juntas, em 1985, e o ator Peter Lanzani no papel do promotor no filme ‘Argentina, 1985’ — Foto: Divulgação / LuisMorenoOcampo.com

No curso de Cinema da Universidade do Sul da Califórnia, dos EUA, o professor argentino Luis Moreno Ocampo dá aulas sobre filmes de tribunal. Ter um caso bem contado na tela pode consolidar e renovar uma vitória no julgamento real, ele argumenta.

O substantivo Holocausto, em caixa alta, em referência ao extermínio dos judeus, não se tornou popular pelo julgamento de Nuremberg, que condenou nazistas em 1945. O termo foi consagrado mesmo pelo filme “Julgamento em Nuremberg”, de 1961, exemplifica o professor.

Luis Moreno Ocampo não é só teórico de julgamentos e narrativas. Antes de dar aulas, ele foi promotor adjunto de um caso histórico: a condenação dos líderes da ditadura militar argentina, em 1985. A história é contada no filme “Argentina, 1985”, vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Oscar.

Ele ainda foi, durante nove anos, promotor chefe da Corte Criminal Internacional. Ao g1, Ocampo fala sobre a dificuldade julgamento na Argentina, o sucesso do filme e o desafio de democracias atuais:

  • Ele conta que, em 1985, os especialistas em ciência política diziam que “não se devia incomodar os regimes anteriores”;
  • mas países não puniram militares, como Brasil e Espanha, sentem reflexos até hoje, em práticas de assassinato e tortura nas polícias.
  • Ocampo considera que a lealdade entre os militares impede que eles consigam investigar a si mesmos, como pode fazer a justiça comum.
  • E como investigar os ataques a democracias atuais, como nos EUA e no Brasil? Siga o dinheiro e as comunicações – e atenção aos líderes civis que usam o poder militar, aconselha Ocampo.

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